O setor têxtil e de confecção brasileiro fechou o mês de outubro com um déficit acumulado de US$ 1,71 bilhão em sua balança comercial, excluindo fibra de algodão. O resultado deve-se ao valor de US$ 3,19 bilhões em importações realizadas de janeiro a outubro deste ano contra US$ 2,34 bilhões em exportações. Se forem incluídas as fibras de algodão o déficit cai para US$ 1,24 bilhão. São cifras inéditas na história do setor. Até então, o pior resultado negativo da balança têxtil e de confecção brasileira havia sido de US$ 1,14 bilhão, em 1997, quando o Brasil era um dos maiores importadores de algodão.
“Dentro do cenário que vínhamos projetando desde o ano passado, este resultado, apesar de amargo, já era esperado tendo em vista a forte apreciação do dólar. A perspectiva de exportação, no médio prazo, será favorecida pela alta do dólar, mas, por outro lado, mercados potenciais, de países desenvolvidos, estão contraídos e isso aumentará sobremaneira a concorrência. Assim, tanto as empresas, mas principalmente o governo, terão que tomar medidas para garantir a competitividade do produto nacional, diante de um mercado mais disputado” comenta Aguinaldo Diniz Filho, presidente da ABIT.
Exportações
No acumulado janeiro a outubro, as exportações brasileiras de produtos têxteis e confeccionados apresentaram crescimento de 7,08% em termos de valor e 15,46% em volume, se comparado ao mesmo período do ano passado. Quando excluídas as fibras de algodão, o quadro se inverte: as exportações tiveram queda de 4,65% em termos de valor e de 13,25% em termos de volume. As maiores altas foram das fibras de algodão (+ 63,19%) e de outras manufaturas, como pastas, feltros e não tecidos (+ 28,26%).
Importações
Nos dez primeiros meses de 2008, quando comparados ao mesmo período de 2007, as importações apresentaram crescimento de 31,77% em termos de valor e 10,49% em volume, quando incluídas as fibras de algodão. Desconsiderando este insumo, o percentual aumenta ainda mais: as importações apresentam crescimento de 36,50% em termos de valor e 21,59% em termos de volume. Os principais produtos importados foram fios de algodão (+ 219,44%), tecidos de algodão (+ 151,35%) e roupas de cama, mesa e banho (+ 127,02%). Entretanto, houve queda nas importações de fibras têxteis, com destaque para viscose (- 49%) e algodão (- 56,18%).
O segmento de vestuário continua apresentado os resultados mais impactantes. Em valores, o vestuário importou nos dez primeiros meses US$ 572,67 milhões ou 42,42% mais que em igual período do ano passado.
OUTUBRO
O mês de outubro apresentou uma queda de 8,61% nas exportações, excluídas as fibras de algodão, comparado a outubro de 2007 (US$ 143,8 milhões contra US$ 157,4 milhões). Já as importações apresentaram crescimento de 9,21% (US$ 326,1 milhões contra 298,6 milhões).O saldo comercial ficou negativo em US$ - 182,3 milhões contra US$ - 141,3 milhões em outubro de 2007.
PANORAMA DO SETOR BRASILEIRO
Balança Comercial
Jan-outubro 2007 Jan-outubro 2008
Importação US$ 2,46 bi US$ 3,24 bi
Exportação US$ 1,87 bi US$ 2,00 bi
Balança US$ - 593 mi US$ - 1,24 bi
PANORAMA DO SETOR BRASILEIRO
Balança Comercial (SEM FIBRA DE ALGODÃO)
Jan-outubro 2007 Jan-outubro 2008
Importação US$ 2,34 bi US$ 3,19 bi
Exportação US$ 1,54 bi US$ 1,47 bi
Balança US$ - 791 mi US$ - 1,717 bi